segunda-feira, 25 de maio de 2009

O adensamento das favelas

O aumento da população das favelas foi de 4% no ano passado, duas vezes superior ao crescimento vegetativo da população da cidade no período, conforme dados da Secretaria Municipal da Habitação.

A dificuldade da Prefeitura de acompanhar o crescimento das favelas até nas áreas mais nobres de São Paulo leva a duvidar muito da sua capacidade de frear a disseminação dos barracos em áreas de grande impacto ambiental, como as vizinhanças de mananciais, fundos de vales inundáveis, margens de córregos e encostas. Na bacia da Represa de Guarapiranga, estima-se em 200 mil o número de domicílios instalados - 40 mil despejando esgoto diretamente nas águas do manancial responsável pelo abastecimento de 4 milhões de moradores da região metropolitana de São Paulo. São áreas sem atrativo para as imobiliárias ou onde elas estão proibidas, por lei, de construir, e, por isso, sobram para as ocupações clandestinas.

Essas regiões acabam recebendo investimentos públicos nos processos de urbanização de favelas. O governo municipal anunciou, no ano passado, que R$ 1,7 bilhão seria aplicado no Programa de Urbanização de Favelas, no prazo de três anos. Desse total, R$ 842 milhões são do Programa de Aceleração do Crescimento; R$ 482 milhões, dos cofres municipais; e o restante, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano do Estado de São Paulo e da Sabesp. Mas será um esforço perdido, caso não se evitem novas ocupações. E é o que tem acontecido ao longo dos anos. Na década de 80, 1,89% da população brasileira morava em favelas. Em 1991, já eram 3,28%, o que revela crescimento de 70% em uma década, segundo o Censo do IBGE.

O financiamento habitacional bancário é para poucos. O investimento público em moradias é tímido e beneficia, no máximo, 5% da população. Quem consegue pagar aluguel se mantém nos bairros formais. Porém, estima-se que 50% da população do Município de São Paulo não dispõe de renda familiar suficiente para obter financiamento para moradia. Resta-lhes morar na favela, nos loteamentos clandestinos ou nos cortiços, opções que alimentam a desorganização urbana e a insegurança da população.


Fonte: Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário