segunda-feira, 20 de julho de 2009

Região de Parelheiros, em São Paulo, abre as portas para o "ecoculturismo"

Quem diria... A Paulicéia não é só desvario. A antítese do caos, e o antídoto para o estresse, existem a menos de 50 mil metros da Praça da Sé. São as Áreas de Proteção Ambiental Capivari-Monos e Bororé-Colônia, localizadas na região de Parelheiros, que começam a ganhar estrutura para receber turistas.

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Na região de Parelheiros (SP), há mais de 30 cachoeiras que podem ser visitadas nas Áreas de Proteção Ambiental

Ambas compreendem território de 341 km², ou um quinto da capital paulista. Abrigam extensa área de mata atlântica, cachoeiras, aldeias indígenas e, acreditem se quiser, uma cratera de 35 milhões de anos feita por um meteorito.

A prefeitura de São Paulo quer estimular o ecoturismo na área e, junto com o Sebrae e outros parceiros, desenvolveu roteiros a serem percorridos neste belo rincão da metrópole. "Isso aqui é algo precioso que temos na cidade e que deve ser preservado", diz o subprefeito de Parelheiros, Carlos Roberto Fortner. Segundo ele, um turismo consciente e controlado ajudará a proteger a biodiversidade e os recursos hídricos locais.

Nada mais fundamental: nas APA's (como são chamadas as Áreas de Proteção Ambiental) encontram-se a bacia hidrográfica dos rios Capivari e Monos, e nascentes que alimentam as represas de Guarapiranga e Billings (responsáveis por 30% do abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo). Também sobrevive no local cerca de 70% da mata atlântica da cidade. Proteger tal patrimônio começa a ser encarado como questão de sobrevivência para paulistas e paulistanos.

Trilhas e Templos

De acordo com o monitor ambiental Erley Coradi, que guia passeios pela região, há mais de 30 cachoeiras - uma delas com 70 metros de altura - que podem ser visitadas nas APA's. As trilhas, por sua vez, têm diferentes perfis: vão desde o passeio até a Cachoeira do Sagui (caminhada de duas horas de duração) até a desafiadora descida a Itanhaém (trilha de 25 quilômetros de distância).

A diversidade étnica é outro dos atrativos do lugar. Há, na Capivari-Monos, duas aldeias indígenas guarani, que recebem visitantes em programas guiados. São vizinhas da primeira colônia de imigrantes do Estado de São Paulo, criada quando, em 1829, 94 famílias alemãs chegaram à região. Hoje, seus descendentes promovem importante evento cultural do município: o Colônia Fest, festival de dança e músicas típicas realizado na metade do ano.

A comunidade japonesa, tão integrada à vida paulistana, também marca presença neste lado da cidade. A filosofia oriental deu origem ao Solo Sagrado, uma área de 327 mil m² cheia de flores, lagos e pessoas praticando Johrei (técnica de purificação espiritual). A represa de Guarapiranga, com suas águas plácidas, completa a paisagem.

O Solo Sagrado pertence à Igreja Messiânica Mundial, instituição de inspiração xintoísta fundada no Japão em 1935. Seu objetivo é ser um "protótipo do paraíso terrestre", onde as pessoas podem entrar em contato com a natureza e se desenvolver espiritualmente.

Visitas guiadas
De acordo com Fortner, a intenção da prefeitura é que, neste primeiro estágio, as visitas às áreas de proteção sejam feitas com guias locais ou agências especializadas. "A região ainda não está pronta para o turismo autônomo", afirma o subprefeito. Locomover-se entre os diversos pontos de interesse das APA's, de fato, é difícil.

Os roteiros oferecidos por agências especializadas incluem visitas às aldeias indígenas, a cachoeiras e passeios de escuna. Também é possível dedicar-se a um turismo puramente cultural: lugares como a Capela de São Sebastião, construída na Ilha do Bororé em 1904, e a Sociedade de Cultura Afrobrasileira Asé-Ylê do Hozoouane, praticante do candomblé, estão abertos aos forasteiros. Para dormir, há uma série de pousadas e alguns campings disponíveis.

A Cratera da Colônia, por fim, é um dos destinos que não devem ser ignorados em uma turnê pela Capivari-Monos. Com 3,6 quilômetros de diâmetro, criados pelo choque de um meteorito há 35 milhões de anos, o enorme buraco abriga hoje um loteamento irregular com 45 mil pessoas. Há lá também construção feita pelo Estado: um presídio com mais de mil detentos. Um bom exemplo de como não deve ser tratado esse belíssimo recanto de São Paulo.

Maiores Informações: http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/07/15/ult4466u631.jhtm

Fonte: http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/07/15/ult4466u631.jhtm

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